O estado da Paraíba ganhou destaque em uma reportagem especial da revista Época, que analisou as mudanças que a tecnologia está promovendo no perfil dos negócios no Brasil. A edição de maio (Nº 200) ressaltou a sólida estrutura das instituições públicas de ensino superior da Paraíba, que têm se dedicado à formação de profissionais qualificados. Além disso, a presença de parques tecnológicos e a atuação de organizações como a Embrapii (Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) foram mencionadas como elementos fundamentais para o desenvolvimento regional.
Entretanto, a reportagem não se limitou a esses aspectos. O ambiente regulatório criado pelo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação foi destacado como um fator positivo para o estado. A resiliência do paraibano, que acredita na viabilidade mercadológica de seus projetos, é uma característica que tem se mostrado essencial para superar os desafios em cada fase do desenvolvimento empresarial.
A história de inovação em Campina Grande, por exemplo, remonta à chegada dos primeiros computadores ao Brasil, em meados do século XX. A jornalista Jennifer Ann Thomas, autora da matéria, relembra a aquisição do IBM 1130 pela Escola Politécnica da Paraíba em 1967, um marco que envolveu a mobilização da comunidade e simboliza a força transformadora da cidade em um polo de desenvolvimento científico e tecnológico. O professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, ex-presidente do CNPq, também foi destacado como uma figura crucial nesse movimento.
Com o passar do tempo, a Paraíba se consolidou como um celeiro de ciência e tecnologia. Um dos resultados dessa evolução é o aumento no número de startups. Dados do “Sebrae Startups Perfil Paraíba” revelam que o número de empresas de base tecnológica triplicou entre 2018 e 2022. Hoje, existem 96 startups operando no estado, sendo 58% delas em João Pessoa e 27% em Campina Grande.
Na Rainha da Borborema, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) se destacou por registrar o maior número de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2023, com 101 pedidos. No entanto, a professora Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), alerta para a falta de um plano estratégico nas universidades, o que pode resultar em desperdício de conhecimento.
Essa desconexão entre academia e setor empresarial foi mencionada por Heleno Bispo, diretor-executivo do Centro de Inovação e Tecnologia Telmo Araújo (Citta). Ele defendeu a importância de cultivar uma cultura empreendedora nas universidades para que a inovação tenha um impacto real no mercado.
Recentemente, a Paraíba finalizou as etapas preparatórias para a V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O secretário Claudio Furtado afirmou que o estado está levantando diversas demandas para a elaboração de um plano estratégico de C,T&I, que considere as necessidades locais.
Um exemplo prático dessa inovação é a startup “Abracadabra!”, que oferece uma plataforma de gestão para consultoria online focada na viabilidade financeira de empresas. Fundada em 2020, a empresa já conta com 3 mil usuários e um contrato com a Prefeitura de João Pessoa, onde atua na análise de viabilidade financeira de novos negócios. Bruno Cruz, criador da startup, destaca a importância da resiliência diante dos desafios enfrentados.
Com a nova legislação e o suporte de organizações como a Fundação Parque Tecnológico Horizontes de Inovação (PTHI), a Paraíba está se tornando um ambiente propício para startups e inovações. A especialista Mayara Costa destaca que o ecossistema de inovação é cada vez mais fortalecido por iniciativas que apoiam o desenvolvimento de negócios com impacto social e ambiental.
Com o investimento do governo estadual em subsídios e apoio a startups, a Paraíba se firma como um estado em crescimento, onde a inovação e a tecnologia caminham lado a lado com o desenvolvimento socioeconômico. A esperança é que essa trajetória continue a se expandir, trazendo mais oportunidades e soluções para a sociedade.